Este homem tinha muitas riquezas e bens, era um homem de boa posição e tinha o privilégio de ainda ser jovem. Ele tinha tudo que talvez o dinheiro pudesse pagar, mas faltava-lhe o mais importante - a vida eterna.
Que farei para herdar a vida eterna?
Os dois verbos fazer e herdar, colocados juntos a lista de realizações morais e o modo do jovem buscar o entendimento do que ele poderia fazer para herdar algo que supostamente não entendia, mostra o ponto de vista religioso baseado na obra de justiça.
Na época de Jesus os judeus mantinham a ideia de que suas riquezas que possuíam eram um sinal do favor especial de Yahweh (Deus em hebraico) dado a eles. Já a pobreza era um sinal de falta de fé e do desagrado de Deus com algumas pessoas. Os fariseus que eram um tipo de fiscais da Lei de Moisés e que formavam um partido religioso puritano, adotavam essa crença e por isso escarneciam de Jesus por causa de sua simplicidade. (Lc.16.14)
O jovem se apresentou a Jesus desejoso de saber como poderia herdar a vida eterna, mas não estava disposto a entender e nem seguir o conselho do Mestre. Quando Jesus disse-lhe: Ainda te falta uma coisa, vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me.
Nesse momento Jesus pôs a prova o jovem rico tocando em seu ponto mais fraco: sua riqueza. Ele não estava disposto a dar mais valor ao Cristo que poderia lhe mostrar a salvação e sim manter seguro suas riquezas. Obviamente que não estou querendo dizer que devemos ter uma vida de miséria e cheia de dificuldades. Mas mostrar o que a Bíblia identifica, ou seja, que a busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria se torna demoníaca. (1 Co. 10:19-20)
A influência demoníaca associada a ganância pela riqueza além de sua busca frequente acaba escravizando as pessoas. No Evangelho de Mateus, capítulo seis, versículo 24 diz: Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. No original Mamom (termo aramaico) significa dinheiro, riqueza ou outros bens materiais.
Neste caso Jesus deixa bem evidente que não devemos servir a Deus e as riquezas com o mesmo amor. Nossa confiança deve estar na providência divina e não nos bens valiosos terrenos. Logicamente Jesus não diz que é errado o cristão tomar suas providências para suprir suas necessidades.
Infelizmente vivemos em um mundo onde somos julgados pelo que temos e não pelo que somos. Há uma verdadeira troca de valores entre as pessoas.
Precisamos refletir sobre a pergunta mais importante que alguém já fez para o Senhor Jesus.
Qual tem sido a sua escolha? Ninguém pode servir a dois senhores.
Onde está o seu coração?
Jesus lembra aos seus discípulos o que ocorreu com a mulher de Ló, apontando inclusive que o erro trágico dela foi pôr seu coração numa cidade terrestre e não na espiritual. (Lc.17.23)
*Reverendo Francisco é Teólogo Reformado, Capelão e Embaixador da Paz no Brasil.